quinta-feira, janeiro 1

Sem Assunto Aparente

Muitas vezes penso sem sentido, sem nexo. Faço frases intermináveis, e relembro-as durante minutos. Depois entro em sono profundo e apago a minha memoria.
Sinto as minhas raízes a desvanecer e a perder-me em mim novamente. Podem querer interpretar quem sou, podem tentar investigar o meu ser.. mas irão deparar com alguém frágil e com medo.
Eu sei quem sou, sei o que sou.. mas às vezes tenho medo de assim ser. Sinto-me que sou menos do que sou. Sinto-me inútil e sem nada. Vazia.
Perturbo-me sem sentido. E sem nexo recupero.
Torno e tomo a vida mais difícil do que ela realmente é. E aí tento esforçar-me.
Logo de seguida, tombo e perco as forças para me voltar a levantar.
Demoro novamente a recuperar, mas nada faz sentido.
Se ao menos as minhas frases pudessem ter significado. Se ao menos estas linhas pudessem ser compreendidas por alguém. Se pelo menos, alguém me animasse como preciso.
Sabes, preciso de ti. Mas não tenho coragem para te pedir ajuda.
Também deves saber que gosto de ti.. e que passo as minhas noites à tua procura na cama. Mas tomas-me por tonta, e voltas a dizer-me que não me posso apaixonar por ti.
Será que isto tudo é em vão?
Será que esta felicidade que eu sinto e esta harmonia que se instala quando estou contigo é em vão? será que vai desaparecer como tu? será que desaparecerá contigo?
Já nao sei. Sinceramente, desta vez não sei mesmo.
Sinto-me sem rumo. Sinto-me com vontade de remar, e com vontade de saltar do barco.
Com sentimentos que me fazem mudar o rumo. Que me fazem remar contra a maré, e outros que me fazem afundar.
Continuo a perceber que nada do que digo faz sentido. E continuo a perceber que tu não me vais entender, mas isso também já não esperava.
Pertenço onde não estou, e quando estou não pertenço a lugar nenhum.
Volto a invadir-me da minha tristeza e da minha solidão.
Padeço.
E pareço frágil. Talvez olhar triste. Talvez alma vazia. Talvez coração frio.
Mas a vida continua. e tenho de arranjar novamente forças para me levantar, porque por mais quedas que dê, tenho de me levantar mais uma vez... apenas para confirmar se a relva será verde após o monte seguinte. Apenas para amar mais alguém. Ou apenas para fazer sorrir e sorrir de volta mais uma vez.
E acordo para a vida. E acordo distante daqui, e volto a sonhar que consigo correr. Que consigo alcançar e que sou realmente quem sou, e sem medo atinjo o céu.
Porque o único limite somos sempre nós. E desta vez, eu quero ultrapassar os meus limites. Quero ultrapassar-me.
E tudo isto, sabes porquê? Porque eu quero ser feliz, e quero deixar a tristeza em paz.
Ela não me merece, não merece uma lágrima minha, nem um olhar triste.

2 comentários:

Nuno disse...

Este texto está absolutamente extraordinário!!! Gostei imenso!

Beijitos,
Nuno.

Anónimo disse...

Recomendo um poema de Fernando Pessoa que acho o máximo e que diz:
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."