Não é segredo nenhum que a minha vida é um deserto, daqueles mesmo secos. Não, não é subjectivo, quando digo que estou a vaguear sem saber para onde ir, é porque é mesmo verdade. A paisagem é sempre igual, não sei para onde vou nem como vou, não sei se estou a andar ou se estou parado, não sei se chego a algum lado... e mesmo que chegue, não sei se vou achar interessante ou dar graças à Deusa por me manter vivo.
Ela jurou proteger-me e motivar-me para o futuro, em troco de pouco ou quase nada, como dizia o outro naquela música. Não somos familiares, amigos ou namorados, mas mesmo assim ela deseja colocar as peças do meu puzzle no sítio. Eu, que durante dezenas de anos andei a tentar perceber o puzzle e não consegui e agora chega ela e diz-me que vai ficar tudo bem.
Não só me diz isso como diz que o vai fazer sem que nos tornemos familiares, amigos ou namorados, mas cada vez que a vejo, todos os meus problemas... puff. Tudo é tão simples e o futuro tão claro. Assim que ela desaparece, desliga-me a corrente. A energia esvai-se por entre os dedos. Apago e volto para o meu deserto como um brinquedo sem electricidade.
Quero dizer-lhe "abraça-me para sempre" mas não posso. Juramos uma relação profissional e não posso estragar tudo dum dia para o outro como já fiz vezes sem conta. Começo a perder a esperança que depositei, talvez ela não esteja à altura como eu não estou à altura dos meus próprios demónios.
Segunda Parte aqui.
terça-feira, maio 5
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